Cresce a preocupação com a qualidade das informações sobre saúde veiculadas na internet
Mônica Tarantino
O poder da internet de popularizar a informação é inegável. Principalmente nas áreas ligadas à saúde, um dos assuntos mais acessados nos sites. O interesse é grande. Só para se ter uma idéia, estimativa recente feita por ISTOÉ Online revelou que dois em cada cinco internautas procuram o serviço em busca de informações sobre o tema. Os efeitos desse fenômeno começam a ser estudados. No aspecto positivo, a rede criou espaços inéditos para a troca de informações, como as comunidades que discutem doenças crônicas, males raros e indicações de tratamento. O médico Nelson Akamine, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, avalia que a maioria dos pacientes que chega para uma consulta no hospital já fez uma pesquisa na rede. Essa busca, no entanto, dá acesso a um conteúdo muito amplo e que não tem garantia de qualidade. Numa mesma pesquisa, é possível obter desde tratamentos mais confiáveis e descobertas recentes até informações, tratamentos e produtos enganosos. "Se eu quiser escrever o maior absurdo na rede, eu consigo. Há muito lixo", diz Akamine. É verdade. Até mesmo as caixas de e-mail estão sendo invadidas por propagandas de aparelhos bizarros com a finalidade de aumentar o pênis. Um engodo. Essa situação se complica na medida em que aumenta o conteúdo sobre saúde. As áreas de maior volume de informações, segundo Akamine, são as doenças cardiovasculares, câncer e alterações que afetam grande número de pessoas, como depressão.
Nakano documenta artigos com publicidade enganosa |
No âmbito internacional, há várias iniciativas para avaliar o uso da internet e desenvolver meios de selecionar a informação. Uma pesquisa divulgada no site da Fundação Saúde na Internet (HON na sigla em inglês), entidade com sede em Genebra, revelou que a exatidão dos dados é o item que mais preocupa os médicos e os pacientes que procuram a rede. Além disso, a pesquisa da HON mostrou que 55% dos consultados acham que os sites de saúde precisam ter um selo.
Com a preocupação de criar normas para orientar a formatação dos endereços, a HON criou um código de conduta, o HONcode. Quem segue as normas pode inserir o selo de acreditação HONcode no site. Para o usuário, é uma garantia de que a informação tem aval científico. A médica e analista de sistemas Beatriz Vicent, da Fundação Oswaldo Cruz, recomenda aos usuários que consultem os sites de instituições de pesquisa e hospitais de renome. Ela é autora do livro Internet: guia para profissionais de saúde (Ed. Atheneu). Além disso, a Organização Mundial da Saúde elaborou um guia para o usuário. O texto foi adaptado para a realidade brasileira pela atual diretora da Vigilância Sanitária de São Paulo, Marisa Carvalho. "Nós fiscalizamos, mas o consumidor precisa ter condições de selecionar a informação", diz.